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Apenas 4 em cada 10 turistas estrangeiros chegam ao Nordeste em voos internacionais diretos

A quantidade de turistas estrangeiros que chegam ao Nordeste através de voos internacionais diretos é de apenas 39%, de acordo com dados da Embratur referentes aos primeiros 6 meses de 2024.


Já sabíamos que essa porcentagem era baixa, primeiro porque a quantidade de voos diretos internacionais no Nordeste é muito pequena; segundo, porque a quantidade de voos internacionais é extremamente concentrada no Sudeste do País.


Isso acarreta para o Nordeste grande “perda” de passageiros que, se mensurada, chega próximo a 1 milhão de viajantes, similar ao que movimenta o Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro – Galeão.


O desafio, portanto, seria reverter esses passageiros, que chegam a dobrar tempo de voo para chegar ao Nordeste, por mais operações diretas. Além do grande volume de passageiros internacionais, o preço de voos diretos é muito elevado, dado que as companhias cobram pela “comodidade”, habilitando a possibilidade real de mais voos diretos ao Nordeste.


Segundo a Embratur, turistas estrangeiros são turistas de outras nacionalidades que visitam o Brasil, bem como brasileiros expatriados, que moram no exterior.


O levantamento considera os 5 estados do Nordeste com voos internacionais regulares diretos e não-diretos, ou seja, passageiros que chegam ao destino com conexões: Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Alagoas e Bahia.


Primeiramente, chamamos atenção para o Ceará com a maior participação de turistas estrangeiros chegando percentualmente em voos diretos, talvez, não à toa, Fortaleza lidera passageiros internacionais no Norte-Nordeste.


Após, conseguimos acesso aos números absolutos de todos os turistas estrangeiros chegando em voos diretos e não-diretos e os comparamos com a chegada total de passageiros internacionais para cada localidade.


Entre os passageiros que chegaram ao Nordeste com conexões, 70% em média vieram pelo Aeroporto de Guarulhos; 17%, pelo Aeroporto do Galeão. Assim, temos a informação de que praticamente 90% dos turistas internacionais que se destinam ao Nordeste (em voos não-diretos), não chegam pelo Nordeste.


É bem maior o número de turistas estrangeiros que chegam através de conexões, sendo 136.755 turistas internacionais chegam por voos diretos e 212.277 turistas internacionais que chegam por voos com conexões.


Análise


Como ordem de grandeza, vemos que o público total que se destina às cidades nordestinas é mais que o dobro do total de pessoas que chegam em voos internacionais diretos. Na verdade, quase se triplica a quantidade de passageiros, então o fluxo internacional por Guarulhos e Galeão é intenso e, até aqui, era invisível.


Não é que esses passageiros deixam de vir ao Nordeste, mas a logística torna-se mais dificultada, sobretudo porque sabemos que a maioria destes vêm da Europa, principal emissor para o Nordeste. No caso de um português que venha a Fortaleza por São Paulo, o tempo de viagem dobra: de 7h para 14h, no mínimo.


Ainda, a passagem pode ser mais cara, também porque a tarifa será partilhada entre dois voos (voo doméstico + voo internacional). Esse dobro de tempo é tudo o que se busca evitar em termos logísticos, ou seja, o ideal é que a ligação seja ponto a ponto.


Não podemos esquecer, porém, que o Sudeste tem a maior demanda, de longe, então é compreensível que se busquem a consolidação de voos entre aeroportos maiores.


Em tempo, quando somamos os 5 estados Nordestinos, vemos que representam até 70% da movimentação no Galeão. A quantidade mostra uma grande representatividade, pois o aeroporto do Rio de Janeiro é a 2ª porta de entrada internacional do país.


Portanto, esse potencial nordestino precisa ser visualizado, conhecido e políticas públicas precisam incrementar a atratividade de criação de novos voos internacionais.


A Embratur divulgou o resultado dos editais do Programa de Aceleração do Turismo Internacional (Pati). O resultado mostra que o fomento a mais voos internacionais será destinado aos aeroportos de Guarulhos, Viracopos e Curitiba.


Mais superconcentração? E ainda incentivada. A porta natural internacional é o Nordeste. Conseguem ver como a demanda potencial do Nordeste é muito maior?


Até a publicação desta coluna, a Embratur não respondeu aos nossos questionamentos. O espaço segue aberto.


Sabemos que a contabilização acima é resultado da junção de 5 praças do Nordeste, porém, os hubs Guarulhos e Galeão movimentariam muito menos sem a “ajuda” nordestina. Sem contar, sobretudo que contamos apenas 5 estados de um total de 9.


Informação: Diário do Nordeste

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