História do domingo: Depois dos créditos
Amor e amizade
Parafraseando cícero, "dos amores humanos, o menos egoísta, o mais puro e desinteressado é o amor da amizade".
When Harry Met Sally
Se você adora comédias românticas com o plot “amigos que viram amor”, já deve ter assistido “Amizade Colorida”, “De Repente 30”, “Simplesmente Amor” e “Sexo Sem Compromisso”.
• Mas, bem antes de todos esses filmes, o clássico “Harry e Sally: Feitos Um Para o Outro” foi pioneiro na temática.
Marcado como uma das rom-coms mais emblemáticas de todos os tempos, o longa apresenta Harry e Sally, que se conhecem em uma viagem de carona para Nova York.
Já nesse primeiro trajeto, eles discordam de literalmente tudo. Harry acredita que não dá pra ser amigo de uma mulher sem ter segundas intenções. Sally pensa que é perfeitamente possível.
Ele se mostra como uma pessoa jogada aos instintos, que sempre pensa no prazer momentâneo. Ela é bem metódica, apegada aos detalhes e sonha com uma relação estável e duradoura.
• Depois de estabelecidos na cidade, Harry e Sally passam a se encontrar esporadicamente — e acabam construindo uma amizade ao longo dos anos.
Ainda que as comédias românticas não sejam o gênero preferido da crítica, a obra de Nora Ephron fugiu tanto do clichê que conseguiu agradar até quem torcia o nariz pra esse tipo de história.
Isso porque os dois protagonistas não são almas gêmeas. Muito pelo contrário. Eles discordam sobre absolutamente tudo e o tempo não altera a individualidade de cada um.
Ah, e também não pense que a história vai pra aquele viés passional de “os opostos se atraem”. Harry e Sally constroem um relacionamento conhecendo, amando e odiando todas as características um do outro.
• Inclusive, na cena mais icônica do filme, a frase de Sally para Harry não é o tradicional “eu te amo”, mas sim um carinhoso “eu te odeio”.
Tudo isso porque os dois sabem das piores facetas um do outro. E é esse amplo conhecimento que dá espaço para o surgimento do amor — que também envolve descobrir defeitos.
O filme, então, se distancia das produções cinematográficas onde o sentimento surge de paixões proibidas ou do amor à primeira vista. Para Harry e Sally, a base de um grande amor está na amizade.
Depois dos créditos
(Baseado em uma história real)
A história de hoje começou em 2018, no aniversário de 23 anos da Bruna. Na época, ela estava presa em uma relação de idas e vindas, repleta de dependência emocional e frio na barriga.
• Sabe quando a gente vive no limbo entre picos de alegria e solidão profunda? A Bruna não deseja isso pra ninguém.
Enfim, na comemoração desse aniversário, ela lembra claramente de quando soprou as velinhas. Pediu que acontecesse algo diferente, que a vida trouxesse alguém pra ela.
E, justamente, nesse momento, em questão de minutos, o Josué apareceu. Ela acha até que foi uma entrega express do seu pedido — mas, obviamente, só foi perceber um tempo depois.
O Josué era amigo de um amigo da Bruna, e estava no barzinho onde aconteceu a comemoração. Tímido do jeito que é, ele mal conversou com ela, e sequer deu parabéns.
• Mas, como o destino é arteiro, eles acabaram se encontrando de novo — e a paquera logo aconteceu.
Ficaram por alguns meses, mas as brigas eram constantes. O Josué também tinha acabado de sair de um relacionamento conturbado, e os dois ainda estavam focados nesse passado mal resolvido.
O “namorico” durou uns 3 meses. Mas a parte boa disso é que tudo terminou de um jeito bem saudável, então os dois continuaram se falando esporadicamente.
Até que um dia, a gatinha da Bruna ficou doente, e ela precisou interná-la em um hospital. Desolada, ela ligou pro Josué, que prontamente a ajudou com todas as despesas — e muito apoio.
• Daquele dia em diante, eles se tornaram bons amigos. Inclusive, a mãe da Bruna diz que ele era “o anjo da guarda” dela.
O Josué sempre salvava a Bruna de perrengues, e vivia fazendo tudo pra vê-la feliz. Inclusive, já até a levou em uma padaria pra comer bolo — enquanto a ouvia chorar por um pé na bunda.
É claro que, nesses 6 anos de amizade, ele também namorou outras pessoas, e escutou muitos conselhos da Bruna. Saíram juntos, trocaram confidências, e foram se aproximando cada vez mais.
Em um determinado momento, a Bruna disse que passou a enxergá-lo de uma forma diferente. Começou a ficar ansiosa para encontrá-lo, e sentia ciúmes quando ele falava de outras pessoas.
• Como em um “click”, a Bruna percebeu que, quando lia sobre o esperado amor tranquilo, era no Josué que ela pensava.
Com ele, não existiam cobranças e nem máscaras. Os dois se respeitavam e conheciam os limites um do outro. O silêncio nunca foi um incômodo entre eles, e os defeitos não diminuíam a admiração.
A Bruna ficou um bom tempo com esses questionamentos internos, sem saber se o sentimento era recíproco. A intuição dela dizia que sim, mas o medo de perder o seu melhor amigo também gritava.
Até que… No ano passado, em uma noite fria de outubro, os dois combinaram de ir na mesma balada. Lá pelas tantas, depois de dançar muito — e beber algumas tequilas —, a Bruna viu o Josué conversando com uma amiga dela.
Quando ele voltou pra pista de dança, ela confessou que “não sabia o porquê estava sentindo isso, mas que ver ele com a minha amiga me deu ciúmes, que eu tinha medo de perdê-lo…”
• Nesse momento, o Josué deu um beijo na Bruna. Um beijo e um abraço que fizeram o tempo parar.
Saindo da pista de dança, ele disse coisas lindas. Falou que a amava há muito tempo, e que via o futuro dos dois juntos.
Esse até poderia ser o início do “final feliz”, mas a Bruna respondeu que estava confusa. Além disso, era uma declaração de pessoas bêbadas — será que era verdade mesmo?
A autossabotagem, então, começou a falar mais alto. Será que os dois tinham amadurecido? Eram tão diferentes… E se já tinha dado errado uma vez, por que seria diferente agora?
Percebendo essa “enrolação”, o Josué pediu pra encontrar com a Bruna. Disse que precisava colocar pra fora o que sentia. E, depois disso, ela poderia fazer o que quisesse.
• Os dois foram em um restaurante japonês bem pequeno, numa cidade vizinha.
Lá, ele abriu seu coração, e começou enumerando todas as qualidades que via nela. Uma por uma. Falou o quanto ele a admirava, e que faria de tudo por uma segunda chance ao seu lado.
O início foi estranho, mas como o Josué dizia, “dessa vez, tínhamos o tempo e a maturidade a nosso favor”. E o amor foi se transformando — e crescendo cada dia mais.
Meses depois, o espaço no guarda-roupa novo dele já tinha sido tomado pelas roupas da Bruna. O armário do banheiro estava cheio de produtos de cabelo, maquiagem e perfume.
• No início do ano, veio o convite para oficialmente “juntarem as escovas de dente”, e agora eles acordam juntos todos os dias.
Ah, e os dois são muito diferentes. Josué ama filmes de terror, fazer trilha, cozinhar, e escutar heavy metal. A Bruna gosta de dançar, comer e assistir comédias românticas — dessas bem “água com açúcar”.
Em novembro, eles completam 1 ano de namoro, mas parece que já estão juntos há uma vida inteira. A Bruna diz que, aquela chance que ele pediu, na verdade, foi uma chance pra ela mesma.
Uma chance de ter alguém que a faz rir todos os dias, desde a hora que ela acorda. Ter alguém que fala "eu te amo” incansavelmente, e mostra que o amor é paciente. Uma chance de viver a sua própria “comédia romântica água com açúcar”.
Pra quem sempre pergunta “o que acontece depois que o mocinho e a mocinha ficam juntos”, a Bruna responde: o “felizes para sempre” pode ser ainda melhor depois dos créditos.
Texto e imagens: The stories/Internet/Reprodução
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