História do domingo: Meu livro favorito
O amor é eterno?
Jorge Amado dizia que "o amor eterno não existe. Mesmo a mais forte paixão tem o seu tempo de vida. Chega seu dia, se acaba, nasce outro amor. Por isso mesmo o amor é eterno."
Eu sei que vou te amar
Eu sei que vou te amar
Por toda a minha vida eu vou te amar
Em cada despedida eu vou te amar
Desesperadamente eu sei que vou te amar
E cada verso meu será
Pra te dizer
Que eu sei que vou te amar
Por toda minha vida
Eu sei que vou chorar
A cada ausência tua eu vou chorar
Mas cada volta tua há de apagar
O que esta ausência tua me causou
Eu sei que vou sofrer
A eterna desventura de viver
A espera de viver ao lado teu
Por toda a minha vida
Eu sei que vou sofrer
A eterna desventura de viver
A espera de viver ao lado teu
Por toda a minha vida
A música “Eu Sei Que Vou Te Amar”, composta por Antônio Carlos Jobim e com letra de Vinicius de Moraes, é uma das mais emblemáticas da música popular brasileira.
• Com a repetição da frase eu sei que vou te amar, ela expressa uma promessa de amor eterno e incondicional.
E ainda dizendo eu sei que vou chorar e eu sei que vou sofrer, ela revela a vulnerabilidade de quem ama, a consciência de que o amor também traz consigo uma possibilidade de sofrimento.
A letra também reconhece as inevitáveis despedidas e separações da vida, e traz uma esperança agridoce: cada volta volta tua há de apagar o que esta tua ausência me causou.
Na mesma linha, Nelson Rodrigues dizia que todo amor é eterno e, se acaba, não era amor. Já Eça de Queirós afirmava que o amor eterno é o amor impossível. Os amores possíveis começam a morrer no dia em que se concretizam.
• Mas será que existe amor eterno? Será que tem como amar sem sofrer? E será que o amor deve ser mesmo incondicional?
Fernando Pessoa acreditava que o amor romântico é como um traje, que, como não é eterno, dura tanto quanto dura; e, em breve, sob a veste do ideal que formamos, que se esfacela, surge o corpo real da pessoa humana, em que o vestimos.
Tá, o amor pode até se desgastar, mas ele também se renova. Afinal, nas oficinas da alma, sempre dá pra tecer novos trajes.
Seja reconstruindo uma relação ou reconhecendo que está na hora de ir embora. Perdoando o antigo ou se abrindo para o novo, por toda a nossa vida há tempo de amar.
Finalizando com Jorge Amado, o amor eterno não existe. Mesmo a mais forte paixão tem o seu tempo de vida. Chega seu dia, se acaba, nasce outro amor. Por isso mesmo o amor é eterno. Porque se renova.
O amor é eterno?
Sim, amor de verdade não acaba. ❤️
Não, nada é eterno. 💔
Depende do amor.
Meu livro favorito
(Baseado em uma história real)
Se essa história fosse um livro, com certeza, seria o favorito da Marcella. Mas, pra sua sorte, não foi uma história de ficção — foi vida real, e ela ainda vivenciou de pertinho.
• Seu avô, Jayth, amazonense ávido, com pouca idade e poucas condições, se meteu em um avião de carga com destino a Santos pra tentar a vida.
Chegando lá, como em um desses encontros que estão destinados a acontecer, ele se apaixonou por Josepha — santista descendente de portugueses, brava e destemida.
A Marcella acredita que tenha sido amor à primeira vista, daquelas cenas dignas de filme. A arte do encontro do Vinicius de Moraes, e o estado agudo de felicidade da Clarice Lispector.
Sua avó conta que o primeiro encontro deles foi em uma sorveteria da praça, mas a melhor parte da história é que o Jayth esqueceu a carteira, e quem pagou a conta foi ela.
• Do sorvetinho em diante, foram apenas 4 meses pra começar o namoro, seguido de um noivado e um casamento.
Alguns anos depois, Jayth e Josepha, com três filhos pequenos e todos os desafios da época, foram pra Manaus de caminhão — e permaneceram lá por 55 anos.
A Marcella diz que os dois sempre foram o seu maior exemplo de amor, lealdade e companheirismo. Ela até ousa dizer que eram almas gêmeas.
Ela lembra da sua avó contando como eles eram companheiros e aproveitavam a vida juntos.
O Jayth nunca sequer bebeu ou fumou, já a Josepha adorava cuba libre e piteira. Quando jovens, os dois iam pro clube dançar — e ele fala que sua maior alegria era vê-la feliz.
• Conheceram vários lugares incríveis no mundo, mas, depois de aproveitar a juventude, a prioridade sempre foi voltada à família.
Aos finais de semana, religiosamente, os filhos e netos se reuniam na casa deles. O Jayth até tinha apelido de vovô pão porque, todo sábado, ele preparava uma mesa farta, sempre com pão e cachorro quente.
Durante todos esses anos, ele levava café da manhã na cama pra sua mulher, que vivia como uma verdadeira rainha. Manhosa, Josepha nem sabia o que era fazer as compras de casa.
Jayth dava conta de tudo com um sorriso de orelha a orelha, e sempre repetia a mesma frase: tudo que importa é fazê-la feliz.
A Marcella nunca os viu brigando. Ao contrário, nos lanches de família, seu avô sempre sumia e aparecia com um presente pra sua avó — e seguiu assim até os últimos dias de vida.
• São tantas memórias, tantas lembranças. Viagens de carro cantando MPB, almoços, lanches e conversas infinitas.
Hoje, eles são dois anjos que moram no céu, e a Marcella acredita que, por lá, ainda é ela quem manda — e ele quem leva o café da manhã na cama rindo de orelha a orelha.
Se pudesse fazer uma ligação para os dois, ela cantaria a música preferida deles: eu sei que vou te amar, por toda a minha vida eu vou te amar. Em cada despedida eu vou te amar.
Sempre que a Marcella pensa nessa história, ela lembra que ninguém deve desistir do amor. Em suas palavras: te amo, vovô e vovó, assim como tom Jobim, por toda a minha vida amarei vocês.
Texto e imagens: The stories/Reprodução
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