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História do domingo: O passado é eterno

Foto do escritor: reginaldorodrigues3reginaldorodrigues3

Saudade


Se você tivesse uma máquina do tempo, pra qual memória você voltaria?


O amor é como um grão


O amor da gente é como um grão


Uma semente de ilusão


Tem que morrer pra germinar


Plantar nalgum lugar


Ressuscitar no chão


Nossa semeadura


Quem poderá fazer aquele amor morrer


Nossa caminhadura


Dura caminhada


Pela noite escura



Drão!


Não pense na separação


Não despedace o coração


O verdadeiro amor é vão


Estende-se infinito


Imenso monolito


Nossa arquitetura


Quem poderá fazer aquele amor morrer


Nossa caminhadura


Cama de tatame


Pela vida afora



Drão!


Os meninos são todos sãos


Os pecados são todos meus


Deus sabe a minha confissão


Não há o que perdoar


Por isso mesmo é que há de haver mais compaixão


Quem poderá fazer


Aquele amor morrer


Se o amor é como um grão


Morre, nasce trigo


Vive, morre pão


Drão!


Drão!


A música “Drão” foi composta por Gilberto Gil em 1981, quando o cantor estava no processo de separação com sua ex-esposa, com quem conviveu por 13 anos e teve 3 filhos.


• Falando com serenidade sobre o processo duro do fim de uma relação, a canção é considerada uma das mais pessoais do repertório do artista.


Longe do amargor da maior parte das músicas que falam sobre términos, a letra é uma parábola sobre um amor que não morre — mas se transforma. Assim como o trigo, que nasce, vive e renasce de novo.


Em vez de pensar que aquele amor de tantos anos foi embora, ele prefere dizer que o sentimento virou outra coisa. Diferente da paixão que existia lá no início, mas ainda precioso.


Além disso, ao comparar a relação com um “grão que morre pra germinar”, a música escancara uma verdade dolorosa: às vezes, o fim é necessário para que o amor continue vivo.


• Aliás, pensando na miudeza das nossas recordações, quando o tempo passa, o que nos resta são apenas grãos de areia.


E à medida que o passado vai ficando mais distante, fica cada vez mais difícil segurar esses pedaços de memória. Aí a gente aperta forte, mas aos poucos restam só alguns grãos.


Ainda assim, é possível dizer que o verdadeiro amor é vão”. Afinal, “quem poderá fazer aquele amor morrer, se amor é como um grão? Morre, nasce trigo. Vive, morre pão”.


O passado é eterno

(Baseado em uma história real)

Há mais de 15 anos, a Bruna foi morar em Belo Horizonte. Isso aconteceu quando seu pai e sua mãe faleceram, mas ela prefere marcar o tempo pela mudança de cidade.


Ela também sempre encontrou conforto em suas memórias. Não raras as vezes foi instigada a falar sobre seus pais, contando casos que a colocavam em um lugar especial de recordações.


Mas os anos estão se passando. E já se foram mais de 15. E tem doído muito pra Bruna perceber que esse passado já está tão longe.


• Vez em sempre, ela se pega pensando que uma “injeçãozinha nova” de memórias não custaria nada.


Só pra dar um gás para os próximos anos, sabe? É que, vocês devem sentir também, as memórias parecem areia nas mãos… A gente aperta forte pra não escorrer, mas aos poucos sobram só alguns grãos.


E ela está numa aflição danada, porque ainda é muito nova, e tem uma vida longa pela frente, o que quer dizer que novos passados vão deixar seu passado familiar ainda mais distante.


Daí outro dia, ela leu em um livro incrível que “o passado é eterno”. Tá. Então tá. O passado pode até ficar longe, mas ele não vai embora.


• Nada nunca vai poder tirar o passado da Bruna. Nem mesmo o tempo. Então ela só precisa continuar segurando forte os grãozinhos de areia que lhe restam.


Vez ou outra, então, como não pode conseguir memórias novas, ela gosta de contar a história de alguns desses seus grãozinhos, pra ver se eles ficam mais agarrados nela.


Um dia desses, uma grande amiga da Bruna perguntou “como era a sua mãe?”. Ela amou a pergunta, e lembrou que a Si amava Seal, Dido, Gorillaz e Tribalistas — os 4 CDs que marcaram a sua infância.


Ela também lembrou que a sua mãe assistiu os 4 Star Wars com seu irmão, e que ela amava Harry Potter. A Bruna acha que ela gostava de cozinhar, ou apenas cozinhava por precisar.


A Si costurava e bordava, comprava roupa, sapato e bolsa, e era enlouquecida por tomar sol. Gostava de Skol, mas ficava chateada porque o pai da Bruna não acompanhava.


• Ela falava que era atleticana, mas era só pra fazer média com os filhos, porque não entendia nada de futebol.


A mãe da Bruna tinha cabelos anelados, e não deixava ninguém encostar neles porque dava frizz. Chamava seu marido de Gija, seu filho de Gojija e a Bruna de fofolete.


Falando sobre o seu pai, a Bruna se sente “mais filha dele” toda vez que escuta música. Sorte a dela: quase o dia inteiro, todos os dias.


Ele não era artista, só arranhava um pouco na gaita, mas as caixas de som do seu escritório eram de causar inveja em qualquer grande DJ por aí.


A Bruna lembra que, na época, como uma pré-adolescente típica, sentia até certa vergonha. Ela pensava: “o pai de todo mundo está ouvindo sertanejo, e o meu prefere Pink Floyd e Novos Baianos?”.


• Mas ela também se lembra de morrer de satisfação quando ele colocava Simple Plan ou Maroon 5 bem alto no carro.


Enfim, os anos se passaram, o gosto musical da Bruna foi mudando. Mas, apesar de se considerar bem mais eclética que o seu pai, ela é “muito filha dele” quando escuta suas músicas: sempre bem alto.


Inclusive, no ano passado, ela finalmente foi ao show do Alceu Valença, e só pensava: “tomara que esteja tão alto quanto o meu pai gostaria, pra ele me ouvir cantando lá do céu”.


Depois de todos esses relatos, a Bruna acha que é mentira essa história de que não existe máquina do tempo.


• Ou talvez ela tenha inventado uma e ninguém saiba. Essa máquina não é irreparável, mas as vezes é tão potente que atravessa a Bruna por inteiro.


Aí ela fica por lá e fantasia. Fantasia como seria se não se existisse passado, como seria se ele fosse, na verdade, tudo. O presente e o passado e o futuro ao mesmo tempo.


Ouvindo a música certa e vendo algumas fotos antigas, ela ativa a sua máquina do tempo. E transformando essas histórias em memórias, a Bruna comprova a citação do livro: o passado é mesmo eterno.


Texto e imagens: The stories/Reprodução

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