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História do domingo: Amar ou viver a vida?

Atualizado: 18 de mar. de 2024

No auge dos seus 20 anos, o que vale mais: encontrar o amor da vida ou curtir a juventude e ter muitas histórias para contar?


Não tem remédio pra isso



há um lugar no coração que


nunca será preenchido


um espaço


e mesmo nos


melhores momentos


e


nos melhores 


tempos


nós saberemos


nós saberemos


mais do que 


nunca


há um lugar no coração que


nunca será preenchido


e


nós vamos esperar


e


esperar



nesse


espaço.


O poema acima é de autoria de Henry Charles Bukowski, que faleceu há mais de 3 décadas.


• Dotado de um humor ácido, ele sempre se descreveu como um fracassado, mulherengo e alcoólatra.


Essa combinação parece a fórmula do desastre, mas ao falar sobre porres e relacionamentos baratos, Bukowski fascinou gerações que buscavam uma obra — não tão otimista — com a qual pudessem se identificar.


Com o título “não remédio pra isso”, o autor já conclui que sempre vai existir um vazio no nosso coração. Em suas palavras, “nem nos melhores tempos ele será preenchido”.


Saindo dessa lacuna existencial que é quase inerente ao ser humano, você já parou pra pensar que a gente raramente está plenamente satisfeito com a vida?


• Se estamos solteiros, o objetivo é encontrar alguém pra firmar compromisso. Quando o namoro começa, já chegam as perguntas do noivado.


Aí o compromisso está firmado e o casamento marcado. Só faltam os filhos pra dar “check” na vida perfeita, mas fica aquela pulga atrás da orelha: “será que eu estou deixando de aproveitar a vida?”


Indo além do lado amoroso, a gente imagina que quando conquistarmos aquela “promoção dos sonhos”, a nossa vida profissional vai ficar tranquila.


Aí o aumento chega, a euforia vem, mas logo passa quando começamos a sofrer pela pressão das novas responsabilidades.


• Se perdemos 3 quilos, temos a certeza de que dá pra perder logo 5. Se corremos 21 km, o objetivo é só pensar nos 42.


A gente escolhe o mundo corporativo, e vive com inveja daquele conhecido que largou tudo pra morar em Caraíva. Ou a gente escolhe vender arte na praia, e acaba sentindo saudade da selva de pedra.


Se divorciando aos 40 ou dançando ciranda em suas bodas de diamante, sempre vai existir um “vazio” do não vivido. Mas, em vez de sofrer, dá pra fazer igual o Bukowski, “e esperar e esperar nesse espaço”.


O que vale mais?

(Baseado em uma história real)



Encontrar o amor da vida ou curtir a juventude e ter muitas histórias para contar? Na cabeça adolescente da Ilana, a resposta era fácil: os dois.


• Estava tudo planejado: ela iria vivenciar uma juventude plena, ter várias experiências e passar por diferentes relacionamentos.


E aí, só depois de muitos aprendizados por escolhas erradas, perto dos 30 anos, a Ilana iria conhecer o amor da sua vida— em alguma estação de trem na Europa ou virando a esquina da sua casa.


O roteiro era simples e satisfatório, mas o destino foi arteiro: quando completou 20 anos, ela encontrou o tão esperado “amor da vida”.


Beijou ele pela primeira vez e pensou: “ferrou”. Beijou ele pela segunda vez e já disse para as amigas que a “vida de jovem solteira nem parecia tão interessante assim”.


Beijou ele pela décima vez e chegou a conclusão de que “não precisava de mais nada na vida”.


Até que ela beijou ele pela trigésima vez e um filme passou pela sua cabeça: “eu não vou me apaixonar por um britânico num trem a caminho da França e viver um romance em Paris”.


• A Ilana também pensou que nunca iria beijar uma subcelebridade em uma festa insalubre.


Pensou que nunca mais ia sentir o nervosismo de um primeiro encontro, nunca mais ia flertar no ponto de ônibus e nunca mais ia ter um crush na academia pra contar história.


Ela estava completamente apaixonada, mas se sentia muito nova pra nunca mais descobrir seus gostos e topar um “programa de índio” depois de alguns drinks em uma mesa de bar.


E aí, ela abriu mão do frio na barriga por esse mundo de possibilidades, e beijou o “amor da sua vida” pela última vez.


• Agora, com 23 anos, a Ilana se mudou pra Hungria por causa de uma bolsa de estudos e está seguindo seu roteiro.


Por algum motivo, ela jurava que esqueceria aquele “antigo amor” de maneira imediata e irreversível a partir do momento que seus pés pisassem em solo europeu.


Na verdade, ela sabe o motivo: cresceu assistindo filmes que retratavam lindas histórias de amor. Em seu imaginário, a Europa era, basicamente, um cenário gigantesco de um romance.


• “Antes do amanhecer” em Viena, “Amélie Poulain” em Paris, “Mamma Mia” na Grécia e “Cartas para Julieta” em Roma.


Então, claro, certamente, com toda a certeza do mundo, o avião iria aterrissar e a memória do seu ex desapareceria junto com as nuvens. Mas isso não aconteceu.


Hoje, a Ilana caminha pelas ruas de Budapeste e se impressiona novamente com a beleza da cidade. Atravessa sua ponte preferida e quase tropeça porque não consegue tirar os olhos do rio Danúbio.


Ela olha para as montanhas e para o prédio suntuoso do parlamento, e usa as palavras da Clarice Lispector pra dizer que se sente vivendo em um constante “estado agudo de felicidade”.


• Mas, se pensar bem, também se sentia da mesma forma quando se sentava em uma falésia deserta da Vila Costeira de Natal.


Naquele cenário familiar, com risco de desabamento e assalto, ela ficava com os olhos brilhantes só pra comer uma esfirra da promoção e olhar a lua ao lado do amor da sua vida.  


O que vale mais? Encontrar o amor da vida ou curtir a juventude e ter muitas histórias para contar? Faz exatos quatro meses que a Ilana está morando na Hungria — e ainda não sabe a resposta.


Fonte e imagens: The stories/Reprodução


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