História do domingo: O universo nunca entrega o que promete
Timing certo
A história de hoje é uma história de amor. Mas também é uma história de timing — e muita sorte.
Nuvem Cigana
Se você quiser, eu danço com você
No pó da estrada, pó, poeira, ventania
Se você soltar o pé na estrada, pó, poeira
Eu danço com você o que você dançar
Se você deixar o sol bater nos seus cabelos verdes
Sol, sereno, ouro e prata, sai e vem comigo
Sol, semente, madrugada
Eu vivo em qualquer parte de seu coração
Se você deixar o coração bater sem medo
Se você deixar o coração bater sem medo
Se você deixar o coração bater sem medo
Se você quiser, eu danço com você
Meu nome é nuvem, pó, poeira, movimento
O meu nome é nuvem, ventania, flor de vento
Eu danço com você o que você dançar
Se você deixar o coração bater sem medo
Se você deixar o coração bater sem medo
Se você deixar o coração bater sem medo
A música “Nuvem Cigana”, interpretada por Milton Nascimento, tem uma letra simples e marcante, que transmite uma sensação de liberdade e leveza.
• Ao dizer eu danço com você, no pó da estrada, pó, poeira, ventania, o cantor convida o ouvinte a se entregar a uma dança livre e descompromissada.
Soltando o pé da estrada, embarcando em uma jornada sem amarras e cheia de possibilidades. Como uma nuvem cigana, que está em constante movimento e adaptação, sem destino fixo.
Assim, com sua habilidade de tecer metáforas e criar imagens vívidas, Milton Nascimento nos convida pra dança da vida, aceitando suas mudanças e desafios de peito aberto.
E assim como na dança, cada passo, giro e movimento é uma manifestação de emoção, o amor também se revela nas sutilezas do cotidiano, nas trocas de olhares e no toque que arrepia.
Viajando ainda mais na metáfora, um relacionamento é como uma dança: onde os parceiros devem estar em sintonia, respeitando o espaço um do outro e, ao mesmo tempo, se entregando à conexão.
• No amor, é preciso entender o tempo do outro, antecipar os movimentos e se adaptar às mudanças de passo.
Mas também é necessário se libertar, deixar de lado as preocupações e se entregar ao momento. Pra relação fluir, é preciso um toque de loucura, que nos faz perder a noção do tempo e se levar pela música.
Por fim, a gente celebra e deixa o coração bater sem medo. Citando, novamente, Milton Nascimento, é preciso ter manha, é preciso ter graça, é preciso ter sonho sempre. Quem traz na pele essa marca possui a estranha mania de ter fé na vida.
O universo nunca entrega o que promete
(Baseado em uma história real)
Essa é uma história de amor (claro, é para o the stories), mas também é uma história de timing — e muita sorte.
Pra falar da imprevisibilidade desse encontro, a Nina e o Pedro sempre citam Martha Medeiros, o universo nunca entrega o que promete. Aliás, ele nunca prometeu nada, você é que escuta vozes.
A verdade é que eles se encontraram no Tinder, em um momento em que nenhum dos dois procurava um relacionamento sério.
Sendo bem honesta, a Nina estava em busca de paquerinhas casuais, porque tinha muito tempo que não saía com ninguém. E o Pedro tinha acabado de terminar um relacionamento longo.
• Mas como o universo não entrega o que promete, em vez de one night stand, os dois ganharam um amor pra vida.
É uma loucura pensar que eles foram o primeiro date do Tinder um do outro. Antes, nunca tinham sequer pensado em conhecer alguém por aplicativo.
O primeiro encontro quase foi em uma festa junina de escola, onde o Pedro é professor. O convite veio pelo gosto compartilhado de comida de festa junina — eles amam pamonha e broa de milho.
Acabou não rolando, e o primeiro contato veio depois. Ironicamente, no Dia dos Namorados.
Queriam se conhecer ao vivo e nenhum dos dois lembrou que era 12 de junho. Perceberam a data quando viram que não haveria nenhum lugar disponível pra comer, todos lotados com reservas de casais em clima de romance.
• Acabaram sentando na praça do bairro Santa Tereza, onde ficaram conversando por horas. A partir desse dia, se viram todos os finais de semana.
Para a Nina, era um sentimento consciente de que aquilo era bom — aquele feeling que adquirimos com o tempo, depois de algumas ciladas.
De forma natural, sem afobação e com muitas risadas, eles foram se conhecendo e se amando.
O Pedro é atencioso, inteligente, preocupado. Segundo ele, “o amor, em quase tudo, se assemelha à atenção”. A Nina conta que a aproximação dos dois foi tão natural que ela sentia que já o conhecia há anos.
• Uma sensação de casa, de segurança, que a permitia ser ela mesma, de forma mais genuína.
A Nina diz que tem algo muito poderoso em não se esconder, se mostrar como é. Ela acha que ela e o Pedro se reconheceram em muitas coisas — e talvez seja isso que as pessoas chamam de amor de outras vidas.
Quando estão juntos, é sempre muito divertido: o humor deles é parecido. E o jeito de amar também.
Hoje, faz um pouco mais de um ano que eles estão namorando, mas a Nina sente que conhece o Pedro a vida inteira.
Pra ela, o grande amor chegou assim, de mansinho, sem entradas triunfais ou grandes emoções, mas nos detalhes das conversas e dos dias juntos, cozinhando, ouvindo música e fazendo planos pro futuro.
• Como em Nuvem Cigana, do Milton Nascimento, eles se entregam pra essa relação como uma dança livre, sem amarras e cheia de amor.
De todos os lugares, a Nina sabe que teve muita sorte em encontrar o Pedro no Tinder — sabemos que pode dar tudo errado nesses aplicativos, né?
E foi o timing perfeito encontrá-lo naquele momento da vida. Ela havia passado por algumas coisas ruins antes, mas já estava bem. E ele também.
Talvez se tivessem se conhecido há um ano, nunca teriam se apaixonado. É preciso estar pronto para o amor. E, por sorte, a Nina e o Pedro estavam.
Texto e imagens: The stories /Reprodução
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