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História do domingo: You’ll be in my heart

Dia dos pais

Dizem por que uma árvore pode ser reconhecida pelos seus frutos. Assim é com os pais: olhe para seus filhos e saiba como eles são ou eram.


Impressionista

Uma ocasião,


meu pai pintou a casa toda


de alaranjado brilhante.


Por muito tempo


moramos numa casa,


como ele mesmo dizia,


constantemente amanhecendo.


O poema “Impressionista” é obra da mineira Adélia Prado, que é considerada a maior poetisa viva do Brasil — e, recentemente, foi a vencedora dos prêmios Camões e Machado de Assis.


• Sua obra retrata o cotidiano com perplexidade e encanto, ressaltando a beleza das coisas mais comuns da vida.


Nesses pequenos versos acima, ela conta que o seu pai — ou o pai do eu-lírico — pintou toda a casa de “alaranjado brilhante”, trazendo a ideia de uma cor intensa, com energia e vivacidade.


Essa atmosfera luminosa, provavelmente, também traz um pouco do estado de espírito de quem pintou a casa, mostrando o quão impactante era a figura paterna na sua vida.


Indo mais adiante, dizer que a casa estava “constantemente amanhecendo” sugere que o lar é um lugar de renovação constante, onde cada novo dia traz infinitas possibilidades de ser feliz.


• Talvez o seu pai não tenha pintado a sua casa de “alaranjado brilhante”, mas tenha preparado o café antes de você levantar.


Ou talvez ele tenha te apoiado — e te dado todas as ferramentas — pra você seguir aquele sonho. Ou talvez não apoiou, mas acabou ficando feliz por suas conquistas.


Talvez você se espelhe na trajetória dele, ou talvez vocês valorizem coisas completamente diferentes. Ou talvez ele tenha ido embora, e você esteja comemorando esse dia com a sua mãe que foi “mãe e pai”.


De qualquer forma, viver em um lar que está “constantemente amanhecendo” dá esperança de que tudo vai dar certo.


Aproveite a companhia e amor de quem “abriu mão da vida pra cuidar da sua”, e lembre-se de Tolstói: a verdadeira felicidade está na própria casa, entre as alegrias da família.


You’ll be in my heart

Há mais ou menos uns três meses, a Laura estava indo pro dentista. Subindo a Avenida Afonso Pena, em um trânsito horroroso, ela trocou de rádio quando começou a tocar “Love of My Live”, do Queen.


• Queen era uma das bandas favoritas do seu pai. E essa não era a primeira e nem a milésima vez que ouvia essa música e lembrava dele.


Mas, nesse dia específico, sem qualquer razão, ela foi invadida por uma saudade avassaladora, seguida por uma crise de choro. Precisou estacionar o carro, já que as lágrimas invadiram seu campo de visão.


Este ano, faz 20 anos que o seu pai a deixou. Ela tinha 8 anos da última vez que o viu. Parece que foi ontem, parece que foi há uma eternidade.


A Laura lembra que, nas semanas que sucederam sua morte, uma amiga da sua mãe lhe disse que “o amor deles era tão forte, que viveram 80 anos em 8”.


• Ela nunca esqueceu disso, porque sabia que era verdade. Foram 8 anos vivendo um amor avassalador de pai e filha, que poucos têm o privilégio de ter.


Seu pai fazia questão de agradá-la de todas as formas. Comprava o que ela pedia e sempre estava presente nas festinhas de aniversário dos seus coleguinhas, fazendo farra junto com a turma.


Seu pai também convenceu a sua família inteira de que “sim, era uma ótima ideia dar um cachorro de presente pra Laura quando ela só tinha 5 anos”.


Ele sempre deixava recadinhos em post-it pra ela e sua mãe. Assinava com Je t'aime. Vez ou outra, ela ainda acha alguns inéditos dentro de um caderno ou álbum de fotografia antigo. São seus bens mais preciosos.


A vida é cheia de mistérios que não conseguimos explicar, mas a Laura acredita que o amor é um sentimento universal, que atravessa o campo subjetivo e físico desse mundo.


• Seu pai pode não estar aqui fisicamente, mas seu amor seguirá com ela pelo resto da sua vida.


Inclusive, por motivos que muito provavelmente a psicanálise pode explicar, aos 17 anos, a Laura decidiu ser administradora, assim como o seu pai.


A primeira vez que pegou numa calculadora HP 12C, imediatamente, sentiu a presença dele. Lembrou que brincava com esse mesmo exemplar no escritório de casa.


Coincidência — ou não —, ela acabou se interessando por marketing e, assim como seu pai, segue carreira na área.


Depois de mais velha, ela também se apaixonou por Fórmula 1 e, assim como o seu pai, agora vira noites assistindo corridas ao redor do mundo — e até escreve uma newsletter sobre o assunto.


• O gosto por cozinhar, o hábito de deixar as portas dos armários abertas, o pavio meio curto e a torcida pro Cruzeiro, também são heranças dele que ela carrega.


A verdade é que, no turbilhão da vida, ela acaba esquecendo que essas partes dela, são partes dele, que ainda vivem.


Mas, felizmente, vez ou outra, o universo dá um jeito de lembrar — seja por uma música na rádio, uma história contada por um amigo antigo, ou um vídeo caseiro que sua mãe achou no fundo da gaveta.


Essa mesma mãe que há 20 anos assumiu o papel de mãe solo. Ensinou pra Laura quase tudo que ela sabe. Mostrou as coisas boas da vida, e sempre a incentiva a ser uma pessoa melhor.


Depois que o seu pai se foi, sua mãe nunca mais quis ficar com ninguém. Uma vez, disse pra Laura que o amor dela e do seu pai foi suficiente pra uma vida toda — e que, hoje em dia, ela se bastava.


• A Laura sabe que nenhuma família é perfeita, mas gosta de pensar que os três eram extremamente felizes.


Ainda são muito felizes, mas é inegável que seu pai faz falta. Uma falta que cresce ou diminui, dependendo do dia, mas está sempre lá de alguma forma.


Ela diz que o luto é um sentimento difícil e tem suas formas próprias de doer. A gente aprende a conviver com ele, mas, em dias como hoje, a saudade aperta um pouco mais.


No final das contas, ela é muito grata pela honra de ter tido um pai que lhe deu tanto amor e boas memórias. Ela celebra a sua vida, e cada segundo que passaram juntos neste mundo.


• Sua primeira tatuagem, inclusive, foi a música do Phill Collins, “you’ll be in my heart”, para homenageá-lo.


A trilha sonora do Tarzan — filme que viram várias vezes juntos — consegue traduzir o sentimento que ela ainda carrega consigo, 20 anos após ele ter ido embora:


When destiny calls you


You must be strong


I may not be with you


But you've got to hold on


They'll see in time, I know


We'll show them together


'Cause you'll be in my heart, always.


Seja onde for, o amor do pai da Laura vai estar sempre com ela. E isso será suficiente. 


Feliz dia dos pais, pai!


Texto e imagens: The stories/Reprodução

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