top of page

PUBLICIDADE

educacao.gif

Notícias

História do domingo: Breu mesmo é estar sem você

Teimosia suave


Insistir no amor é ficar escutando o silêncio do outro até que ele se transforme em palavra.


Para entrar no clima da edição, a dica é escutar esta música aqui. 🌹


Solidão, sorte e encontro


ree

ree

A frase da psicanalista Ana Suy aborda três movimentos fundamentais do amor: solidão, sorte e encontro.


Inclusive, o que ela costuma fazer é justamente costurar essas três camadas para mostrar que amar não é um acontecimento mágico, mas um trabalho profundamente humano.


“Bancar a solidão” não é fazer voto de isolamento, mas reconhecer que ninguém chega inteiro ao amor se não souber, ao menos, sustentar a própria vida sem desabar no colo do outro.


Amar exige certa firmeza interna, um “aguentar-se”, um saber existir consigo mesmo.


• É não se misturar a ponto de desaparecer. 


• É construir um chão firme para poder caminhar ao lado.


Mas como nem tudo depende de nós, a sorte entra como aquilo que escapa qualquer planejamento.


Por mais que a gente se prepare, leia e se conheça, existe sempre um fator de acaso: um encontro que poderia não ter acontecido ou uma pessoa que poderia não ter cruzado o nosso caminho.


Como já dizia Rubem Alves, na infinita possibilidade de lugares, na infinita possibilidade de tempos, nossos tempos e nossos lugares coincidiram.


Mas como amor é construção, o “encanto com um outro que insiste” introduz a dimensão da continuidade — não basta uma fagulha inicial; é preciso alguém que retorna, demonstra interesse e permanece.


Este encanto não é arrebatamento ingênuo, mas o reconhecimento do brilho de alguém que escolhe ficar, que se mantém presente e que insiste no vínculo de maneira viva.


Finalizando com as palavras de Valter Hugo Mãe: “gostarmos de alguém, mesmo quando estamos parados durante o tempo de dormir, é como fazer prédios ou cozinhar para mesas de mil lugares. Mas amar é um trabalho bom.”


Breu mesmo é estar sem você

(Baseado em uma história real)


ree

Roberta sempre escreveu para entender o que sentia. Mas, dessa vez, ela escreve para contar sobre um amor que foi embora — e voltou pelas mesmas ruas.


Ela conheceu Mylla no Tinder, em 2020, bem no auge da pandemia, quando o mundo parecia pequeno, perigoso e suspenso.


• Roberta era uma pessoa que passava álcool até no pensamento, não saía de casa e não encostava em nada vivo ou não-vivo.


• Com Mylla, conversava como se o fim do mundo tivesse hora marcada para amanhã — e elas ainda pudessem rir hoje.


Falavam de tudo. Dormiam no “boa noite, vai dormir” e acordavam no “bom dia, ainda tá aí?”. Assistiam doramas “juntas” e Mylla viu Naruto só porque Roberta amava — prova irrefutável, segundo Roberta, de que Mylla já estava apaixonada.


Marcaram de se ver no ano seguinte, em janeiro de 2021. A sensação era semelhante à da frase de Antoine de Saint-Exupéry: “se tu vens, por exemplo, às quatro da tarde, desde as três eu começarei a ser feliz.”


E quando finalmente se encontraram, Roberta lembra de tremer horrores. Falou sem parar, puxou Mylla pelo dedo quase o caminho todo até ter coragem de segurar a mão inteira.


Depois disso, deixou que Mylla a guiasse pela Cidade Alta, pelos lugares favoritos dela — como quem abre o próprio mapa e o próprio coração.


No fim, foram ao Delícias do Mate. Mylla pediu mate limão com gelo e açúcar sem bater, o favorito dela. Roberta achou um crime contra o paladar. Odiou — mas amou estar ali.


• Chegou em casa com um sorriso de uma ponta a outra, como quem guarda na memória algo que ainda nem sabe nomear.


A verdade é que Roberta já estava entregue antes do beijo, antes de segurar a mão inteira. Mas, por ter sentido tanto, fugiu. Achou que não merecia alguém como ela e inventou desculpas. Foi embora.


Então, Mylla escreveu versos que, até hoje, marcam a volta delas e a caminhada pelas ruas da cidade:


“As ruas da cidade guardam cada palavra que eu quis te dizer e nunca pude.


Me perco no caminho entre a Deodoro e a Rio Branco tentando desviar da lembrança daqueles poucos minutos que minha mão e a sua caminharam juntas.


Você sempre me contou como a sua cidade era cheia de ruas escuras e desertas e disse que ninguém deveria arriscar se perder ali.


E eu digo, breu mesmo é estar sem você.”


Mesmo distante, continuaram se tropeçando — no pensamento, no coração e na saudade. Roberta acompanhava de longe, morrendo de ciúmes, achando que devia ser ela ali.


Mas o tempo passou, teimoso e justo, até que o destino fez o que só ele sabe: unir novamente o caminho delas.


Roberta tinha silenciado Mylla nas redes para não ver mais nada dela com a namorada. Mas, do nada, Mylla voltou a aparecer no feed: solteira  e elas voltaram a conversar.


• No segundo encontro, Mylla olhou Roberta do mesmo jeito. As ruas eram as mesmas. A mão também. O mesmo dedo que virou mão.


Nada tinha mudado — e, mesmo assim, tudo era novo. Depois disso, Mylla escreveu novamente:


“Amor daqueles que sempre adiam a partida para te ver acordar mais uma vez.


Uns meses atrás seria impossível imaginar dividir o mesmo espaço com você, e agora tô eu aqui, planejando dividir a vida toda.


Eu sempre achei que amar alguém era a entrega mais bonita que poderia ser dada ao universo e tenho aprendido que estar disposto a amar alguém todo dia é uma batalha… e que bom que a gente se escolheu.”


Foi ali que Roberta parou de fugir. Deixou o medo de lado e escolheu seguir o coração. Escolheu ficar.


Hoje, Roberta e Mylla estão juntas há dois anos. Têm sua casa, suas coisinhas e a Zola — que, segundo Roberta, é basicamente ela em versão pet: cheia de personalidade, preguiça e drama.


• Zola e Mylla se amaram no primeiro olhar — Roberta diz que é porque ambas têm um ótimo gosto.


Roberta ainda desconhece exatamente por que Mylla ficou. Pode ser porque amor não é lógica; é insistência. É aquela fé infantil que cai, chora, levanta e tenta novamente. Mylla acreditou nelas quando Roberta não acreditava em si mesma — e isso vale por tudo.


Ela é grata porque o amor esperou, voltou e ficou. A cidade ainda tem becos escuros, mas, desde que Mylla entrou na sua vida, nunca mais houve breu.


Texto e imagens: The stories/Reprodução

 
 
 

Comentários


site_marencanto.png
Senai_Futuro_Digital.jpg
site_marencanto.png
WebBanner_300x300_Buriti.jpg
  • Instagram
  • Youtube
  • Facebook
  • Twitter

WhatsApp: (98) 99200-8571 

Logo_JG.png
bottom of page