Rota Quilombo de Guimarães conquista espaço no Guia do Afroturismo e chega à semifinal do Prêmio Braztoa de Sustentabilidade 2025
- reginaldorodrigues3
- 19 de set.
- 3 min de leitura
Atualizado: 22 de set.

O Maranhão voltou a ganhar destaque nacional no campo do turismo comunitário e do afroturismo. A Rota Quilombo de Guimarães, no Polo Floresta dos Guarás, foi selecionada pelo Ministério do Turismo e a UNESCO para integrar o Guia do Afroturismo no Brasil: Roteiros e Experiências da Cultura Afro-Brasileira, publicação que reúne 43 experiências autênticas em todas as regiões do país.
Além disso, o roteiro também chegou à semifinal do Prêmio Braztoa de Sustentabilidade 2025, reconhecimento que reforça a força do protagonismo quilombola no estado.
Um roteiro de ancestralidade e resistência

O percurso conecta a cidade histórica de Guimarães até a praia de Araoca, passando por sete comunidades tradicionais: Damásio, Cumum, Caratiua, Santa Luzia, Coroatá, São Vicente e Porto do Rosário.
Essas localidades guardam a memória da resistência negra no Litoral Ocidental Maranhense, preservando práticas culturais, religiosas e gastronômicas herdadas dos antepassados.

Entre os destaques está o Quilombo Cumum, reconhecido pela Fundação Cultural Palmares (Processo nº 01420.001105/2006-00, Portaria nº 39022). A comunidade, formada a partir do período pós-escravidão, é um verdadeiro Território de Preto, onde descendentes de africanos escravizados se organizaram em núcleos de autonomia e solidariedade.
O que torna a rota especial

O Guia do Afroturismo destaca a Rota Quilombo de Guimarães como uma experiência singular, marcada por:
Vivência comunitária genuína: visitantes participam de saberes ancestrais, conhecendo a gastronomia quilombola, como o tradicional biscoito de tapioca e o café quilombola de Cumum, além de festejos religiosos e a recepção calorosa das famílias locais.
Experiência cultural e ambiental: inclui balneários como o do rio Damásio, hospedagem em casas de famílias, trilhas e contato direto com a natureza e a cultura quilombola.

Essa combinação de autenticidade, cultura e hospitalidade faz da rota um exemplo de turismo de base comunitária que vai além do lazer, promovendo identidade, pertencimento e consciência histórica.
Protagonismo feminino e empreendedorismo
No Quilombo Cumum, o grupo Mulheres em Ação, liderado por Aline Martins, transformou uma tradição culinária em oportunidade de renda. Resgatando o saber ancestral, elas produzem o biscoito de tapioca de forma coletiva, reunindo hoje cerca de 10 a 12 mulheres.

Com o turismo, o produto ganhou visibilidade e escala: passou a ser vendido no Café Quilombola, às margens da estrada de Araoca, e já circula em feiras nacionais como a ABAV Expo. O biscoito, antes feito de maneira tímida, hoje conquista paladares em várias regiões do Brasil, levado por apoiadores como a professora e secretária de Turismo do Maranhão, Socorro Araújo e o secretário de Turismo de São Luís, Saulo Santos.
“É emocionante ver como o turismo fortaleceu essas mulheres. O que começou como uma produção caseira hoje é conhecido em várias partes do Brasil. O Quilombo Cumum mostra que o turismo sustentável pode gerar renda, preservar tradições e dar visibilidade à cultura quilombola”, destacou Roseane Maia, Agente de Roteiros Turístico do Sebrae-MA.

Impactos e desafios
O lançamento do Guia, resultado de ampla escuta pública com afroempreendedores e gestores locais, reforça o afroturismo como estratégia de igualdade racial, geração de renda e preservação da identidade negra.
Também fortalece políticas públicas alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, sobretudo o ODS 8 (crescimento econômico inclusivo) e o ODS 10 (redução das desigualdades).

Na prática, a comunidade de Cumum segue firme em seus desafios, como o avanço no processo de titulação do território quilombola, o acesso a políticas públicas diferenciadas e o fortalecimento da juventude e da infraestrutura local.
Síntese do Quilombo Cumum
Elemento/Detalhe
Origem Pós-escravidão / herança quilombola no Litoral Ocidental Maranhense
Base econômica Agricultura, pesca, extrativismo, produção artesanal
Cultura Culinária, religiosidade, oralidade, saberes tradicionais
Organização Associação comunitária, grupos produtivos de mulheres
Reconhecimento legal Certificação da Fundação Palmares
Desafios Titulação do território, infraestrutura, políticas públicas

A Rota Quilombo de Guimarães representa, portanto, um encontro entre passado e futuro: de um lado, a memória ancestral e a resistência quilombola; de outro, o turismo comunitário como caminho de sustentabilidade, empoderamento feminino e fortalecimento da identidade negra no Brasil.



Fotos e informações, gentilmente cedidas/Divulgação












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