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Saiba quais são os três museus brasileiros que vão compor a "Rota dos Povos Escravizados" da Unesco

Espaços de Minas Gerais e do Rio de Janeiro vão integrar essa rota com outros 19 locais ao redor do mundo. Juntos, os três museus recebem até 600 mil visitantes por ano.

A foto de Dom Pedro I colocada em destaque ao lado de pinturas de pessoas pretas desenhadas por artistas no Museu da Inconfidência em Ouro Preto, Minas Gerais. Elementos como esse se tornarão mais comuns em três importantes museus do Brasil. Além da unidade mineira, outras duas do Rio de Janeiro foram reconhecidas pela Unesco e entraram para a chamada “Rota dos Povos Escravizados”, que contempla 22 espaços em todo o mundo.


As unidades brasileiras estão em processo de transformação, com o intuito de valorizar a história e compartilhar boas práticas em educação sobre a escravidão, retratando as marcas deixadas e dando visibilidade às lutas e resistências das populações negras.

Em Ouro Preto, para essa nova etapa, o Museu da Inconfidência entrou em uma fase de escuta. Segundo o diretor, Alex Calheiros, essa transformação já começou e tem sido feita de forma colaborativa.

“A gente tem conversado com a comunidade e a composição desses encontros é a mais variada possível. Estamos unindo historiadores, artistas, guias turísticos, pessoas engajadas na história da comunidade, em especial do movimento negro, para repensarmos nisso. Por outro lado, a gente também tem usado uma outra estratégia, que são as exposições que antes ficavam apenas num espaço anexo do museu, mas que agora a gente trouxe para dentro. Também temos conversado com os artistas, com curadores, para também problematizar essa questão ", diz.

No Rio, o Museu da República, que já abrigou a presidência do país, foi construído com a riqueza gerada pelo trabalho dos povos escravizados. O reposicionamento vai valorizar justamente essa realidade e promovê-la. O historiador do museu, Marcus Macri, afirma que isso ajuda na exaltação da cultura nacional.

“A partir dos estudos desenvolvidos sobre a escravidão, nossos pesquisadores estão trabalhando sobre esse tema tanto na época do Barão, quanto na história da República. Eu acho bacana porque a gente pode ter essas oportunidades de mostrar outros aspectos. E para o museu da República é muito importante porque o tema é atual, importante para o Brasil e nós como um museu nacional, ao poder divulgar isso com a Unesco, temos a chance de discutir temas importantes para a sociedade e para o Brasil”, avalia.

Também no Rio, o terceiro na lista da Unesco é o Museu Casa da Hera, que é um espaço preservado da elite cafeeira na cidade de Vassouras. O projeto de atualização vai destacar a história da produção de café no Brasil, que foi realizada por povos escravizados. Esse novo plano inclui a restauração dos alojamentos de escravos na plantação. O diretor da unidade, Marcos Cirom Duarte, descreveu sobre o novo espaço.

“Essa senzala que hoje está totalmente descaracterizada, ela vai ser novamente o mais próximo de uma senzala urbana daquela época. Então as paredes vão ser recapeadas, as janelas vão virar portas. E, a partir disso, vamos começar a contar toda essa história das pessoas que ali viveram, mas também temos preocupação com o legado para não esquecer o sofrimento”, conta.

UNESCO QUER ESPAÇOS DE REFLEXÃO


O coordenador de Ciências Humanas, Sociais e Naturais da Unesco no Brasil, Fábio Eon, defende que os espaços serão lugares de educação e referência para futuras gerações.

"Com esses novos museus listados pelo programa, a gente tem necessidade, obviamente, de trabalhar com o Ministério dos Direitos Humanos, com o Iphan, com municípios, porque são eles que vão nos ajudar a transformar esses espaços de educação, em locais de cultura, que vão ressignificar o passado. E esses lugares vão representar para futuras gerações importantes referências, no sentido de entender o que é a escravidão, o que esse fenômeno representou num passado muito recente do Brasil”, explica.

Os três museus devem receber, por ano, 600 mil visitas, ajudando o público na compreensão mais ampla e sensível do passado, por meio de exposições, artefatos, relatos e outros recursos culturais.


Informação: CBN Globo

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