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História do domingo: Uma memória com som

Amor é sentido


Ontem à noite, sonhei de corpo inteiroe acordei com teu cheiro.


Para começar o domingo feliz (e no clima da história), a dica é escutar esta música aqui. 🇧🇷


Hug me until I smell like you


Essa frase é frequentemente atribuída a Carlos Drummond de Andrade, mas sua autoria não é totalmente confirmada.


• De qualquer forma, ela representa bem a visão do poeta sobre o amor, destacando que o sentimento pode ser profundamente sensorial e marcante.


olfato é um dos sentidos mais ligados à memória e à emoção. Ao contrário de outros, os estímulos olfativos têm acesso direto ao sistema límbico do cérebro — especialmente ao hipocampo (memória) e à amígdala (emoções).


Por isso, um cheiro pode nos transportar instantaneamente para momentos do passado, reacendendo sentimentos que vão além do perfume borrifado nos pulsos ou na nuca.


O amor tem cheiro de pele morna depois do abraço, de travesseiro que guarda um pouco de quem partiu, de suor quente e de presença que acende o instinto.


Um faro antigo, selvagem, que reconhece no outro o lugar onde o desejo mora. Amar é também querer se perder no pescoço, no espaço entre os ombros e no cheiro que fica no lençol depois da ausência.


• Ainda que tentemos fazer do amor um cálculo matemático, essa atração que vem do cheiro mostra que muita coisa não tem explicação.


Como já dizia Martha Medeiros, “ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referências. Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca.


O amor verdadeiro vai além da presença física: ele cria uma ligação sensorial, emocional e psicológica que permanece viva mesmo quando a pessoa está longe.


Quando sentimos falta de alguém a ponto de “sentir seu cheiro com a mente”, não é só saudade, mas presença e instinto. É uma forma poética de dizer: o amor já fez morada.


Uma memória com som

(Baseado em uma história real)

Tem gente que tem memória olfativa — sente um cheiro e logo lembra de alguém, de algum lugar ou de algum momento. Um perfume, uma viagem, uma comida. Mas a memória de Gabriela é, sem sombra de dúvidas, auditiva.


Isso não é algo que ela escolha. Ela não escolhe uma música específica para marcar um momento, um lugar ou uma pessoa. Acontece sem querer, de repente.


Quando percebe, a música não é só uma música, mas o passaporte direto para alguma lembrança.


Seu pai completaria 57 anos no dia 29/05. Hoje, ela lembrou disso com um gostinho especial, porque o aleatório do Spotify tocou Azul da Cor do Mar, do Tim Maia.


Coincidência ou não, ela também passou pelo filme As Namoradas do Papai enquanto escrevia este e-mail. Gabriela amava assistir a esse filme quando era pequena.


Ela poderia tentar tornar essa história mais emocionante dizendo que o longa-metragem lembra seu pai — mas não exatamente.


• A verdade é que seu pai foi incrível durante a sua infância, embora eles não trocassem muitas palavras de carinho e afeto. Diziam sem precisar dizer.


Mas, da adolescência em diante — hoje ela tem 31 anos —, não tiveram uma relação fácil. Talvez pelos silêncios. Ou por serem excessivamente parecidos.


Ainda assim, até hoje, qualquer cena de filme com pai e filha a toca de um jeito que ninguém entende.


Como na cena do filme em que Amanda diz: é bom ter um pai.” Simples e direta, mas tão dolorosa para quem já perdeu — seja presença, afeto ou de vida.


Foram muitos os acontecimentos que, ao longo do tempo, complicaram a relação entre os dois. Contudo, ela prefere lembrar dos bons momentos. Afinal, se o único jeito de reviver é lembrar, então que seja com carinho.


• Mais de quatro anos já se passaram, e ela ainda lembra de vê-lo em pé na cozinha, preparando uma lasanha para o almoço.


Gabriela também lembra dele sentado no sofá, assistindo Matrix como se fosse a primeira vez — inclusive, ela reassistiu ao filme recentemente. Talvez quisesse se sentir no lugar dele, na presença dele.


Quatro anos se passaram, mas a Gabriela ainda lembra dos dois fazendo barquinhos de papel. Essa mania, confessa, sempre carregou consigo — e seu pai nunca nem soube.


Na época em que ele faleceu, Gabriela leu uma frase que parecia ter sido escrita para ela: “Você nunca pensa que a última vez é a última vez. Você acha que haverá mais. Você pensa que tem para sempre, mas não tem.”


Hoje, anos depois, ela aprendeu a ver o “para sempre” de outro jeito, como em outra frase que a pegou de surpresa: “Talvez o ‘para sempre’ seja sobre memórias, e não pessoas.


Voltando ao início do texto: às vezes, uma música já traz uma lembrança ruim. Outras, fora do controle, mudam de significado — começam boas e depois deixam de sê-lo.


Para Gabriela, ambas têm algo em comum: ela não consegue ouvir sem se retrair e contorcer um pouco, até mudar para a próxima antes que o desconforto tome conta do seu corpo.


• Por outro lado — felizmente — muitas outras a conduzem a momentos que, fora da memória, não poderiam ser revividos.


E aí, o aleatório do Spotify toca a música preferida do seu pai, e ela ganha da vida mais uma chance de lembrar. Talvez não do momento exato, mas com certeza da sensação.


Como “talvez o ‘para sempre’ seja sobre memórias, e não pessoas”, ela acredita que seu pai sempre estará aqui. Enquanto Azul da Cor do Mar tocar — e ela conseguir lembrar.


Texto e imagens: The stories/Reprodução

 
 
 

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