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Notícias

Turismo fora de controle em Vassouras: macacos deixam de ser atração e viram ameaça

Alimentados por turistas, animais silvestres se tornam agressivos e põem em risco visitantes e o equilíbrio ambiental nos Pequenos Lençóis Maranhenses

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Quem faz o tradicional passeio de lancha pelo Rio Preguiças, entre Barreirinhas e Atins, certamente conhece Vassouras, o pequeno vilarejo de pescadores que marca o início dos chamados Pequenos Lençóis Maranhenses.


A beleza das dunas douradas que avançam sobre o rio e a hospitalidade dos nativos encantam turistas há décadas. Mas, agora, um problema crescente e preocupante ameaça transformar essa parada obrigatória em cenário de risco e conflito.


Talvez o problema ainda não tenha sido percebido, mas o que antes era visto como uma atração curiosa, a presença de macacos-prego nas árvores do manguezal, já tenha si tornado um problema ambiental e de segurança dos visitantes.

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A população desses animais silvestres aumentou de forma descontrolada nos últimos anos. Eu frequento o lugar ha pelo menos 30 anos e percebi que aumentou, impulsionada por um hábito nocivo e irresponsável: a alimentação constante por parte dos turistas.


Mesmo com placas visíveis que pedem “não alimente os macacos”, muitos visitantes continuam oferecendo bananas, coco, amendoins e restos de comida. A prática, além de proibida por lei ambiental, gera mudança comportamental nos animais, que passam a perder o medo do ser humano, aproximando-se em busca de alimento e, quando contrariados, podem reagir de forma agressiva.


É comum se ouvir relatos de casos de arranhões, mordidas e até “assaltos” a turistas tornaram-se frequentes.

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Durante uma visita recente que fiz à comunidade de Vassouras, foi possível presenciar a cena insólita: macacos "praticamente indo receber os turistas nas lanchas", roubando alimentos das mãos dos visitantes e brigando entre si pelas sobras.


Depoimento: “Fiquei muito assustada

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A turista paulista Amanda Ferreira, que visitava a região pela primeira vez, viveu uma experiência traumática.

“Eu estava com minha bolsa no colo quando, de repente, um macaco pulou em cima de mim e tentou abrir o zíper para pegar um pacote de amendoim. Acho que ele deve sentido o cheiro. No susto, ele arranhou meu pescoço. Fiquei muito assustada, principalmente porque, mesmo com as vacinas em dia, a gente não sabe que tipo de bactéria ou doença pode ser transmitida”, contou Amanda, ainda visivelmente abalada.
“Fiquei triste com tudo. É um lugar tão lindo, mas saí de lá tensa, com medo de ter contraído alguma coisa. Espero que façam algo, porque isso pode piorar.”
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O relato de Amanda é mais do que um alerta: é um retrato da falta de controle e da omissão diante de um problema que afeta tanto os visitantes quanto os próprios animais.


Situação que além de colocar em risco os turistas, expõe os próprios animais a doenças e à morte precoce. Também pude perceber que no bando macacos, havia um deles, ferido na perna, com fratura do osso exposta. Será que foi ferido numa briga entre eles ou foi agredido por...?


O alerta está dado. E agora?

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Esse é um caso clássico de desequilíbrio ambiental causado pela ação humana. E a pergunta que se impõe é: quem será responsabilizado quando ocorrer um acidente grave com um turista ou nativo?


A gestão da Área de Proteção Ambiental dos Pequenos Lençóis, o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), é o órgão federal responsável por fiscalizar e aplicar políticas de preservação.


Também cabe à Prefeitura de Barreirinhas, à Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Turismo, e às operadoras de turismo que trabalham na região, assumirem o papel de mediadores e protetores desse ecossistema tão sensível.

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A situação exige respostas urgentes e a adoção de medidas eficazes. Entre elas, destacam-se:


Medidas urgentes sugeridas:


1. Fiscalização permanente na área


Com presença de brigadistas ambientais ou guardas da APA, especialmente nos horários de pico, orientando turistas e coibindo a alimentação dos macacos.


2. Campanha educativa no embarque e nas lanchas


Cartazes não bastam. É preciso promover campanhas visuais, sonoras e com apoio dos guias locais, antes do embarque em Barreirinhas, informando sobre os riscos e proibindo a prática.


3. Controle populacional da fauna


Adoção de métodos científicos (como contracepção assistida) com apoio dàs universidades e biólogos para evitar a superpopulação.


4. Treinamento e sensibilização de operadores turísticos


Barqueiros e guias devem ser aliados na conservação, não coniventes com ações que alimentem o problema.


5. Criação de um protocolo de conduta turística para Vassouras


Com regras claras, penalidades, verificação de capacidade de carga no local e limite de acesso controlado em horários críticos.


Preservar é garantir o futuro do turismo


O que está em jogo não é apenas a experiência turística, mas a sustentabilidade de um dos mais belos e valiosos patrimônios naturais do planeta, agora reconhecido como Patrimônio Natural da Humanidade.


A beleza dos Lençóis Maranhenses não pode ser ameaçada pela negligência com os pequenos gestos, como jogar uma banana a um macaco.

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Preservar Vassouras, seus manguezais, suas dunas e sua fauna é garantir que as futuras gerações possam conhecer esse pedaço encantador do Maranhão com a mesma admiração e segurança.


A hora de agir é agora. Antes que a natureza reaja com mais força do que já está reagindo.



 
 
 

2 comentários


Maria Lúcia
21 de set.

Um desses macaquinhos pulou na minha cabeça me arranhando o couro cabeludo. Estou tomando vacina anti rábica.

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Alexandre Ugarte
27 de jun.

O turismo em ambientes naturais precisa, urgentemente, adotar protocolos de visitação que respeitem a vida silvestre e garantam a integridade de todos os seres vivos envolvidos. O caso dos macacos-prego (Sapajus spp.) nos Pequenos Lençóis Maranhenses é um alerta que já vem sendo dado há mais de uma década — e que até hoje não recebeu a devida atenção do poder público.


Tive a oportunidade de participar, há mais de 10 anos, de uma pesquisa de mestrado conduzida por uma aluna do IFMA sobre a dinâmica de vida dessas populações de macacos-prego nos Pequenos Lençóis. Havia inclusive uma base de estudos coordenada por um professor no Morro do Boi. A experiência foi fundamental para compreendermos que as populações de primatas…


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